Millennium, volume 2: A menina que brincava com fogo, Stieg Larsson


A menina que brincava com fogo de Stieg Larsson (Companhia das Letras, 2º edição, 2010, tradução de Flickan som lekte med elden, 2006) é o segundo volume da trilogia Millennium que traz as aventuras da hacker e investigadora Lisbeth Salander e do jornalista e ativista social Mikael Blomkvist.

A série Millennium originalmente planejada para dez volumes pelo autor foi interrompida pela morte de Larsson em 2.004, ainda que exista um quarto volume “praticamente terminado” em um notebook de sua amante e rascunhos de todos os volumes seguintes. Nestes tempos de colaboradores¹ não irá demorar muito para alguém terminar a obra e continuar a série.

A trilogia está em ascensão, pois depois da conclusão da cine-série sueca, país de origem de Larsson onde 2 em cada 3 pessoas já leram os romances, agora ela será refilmada nos EUA (veja o trailer americano de Os homens que não amavam as mulheres aqui e veja o review do livro aqui).

O texto é meticuloso e Larsson continua a descrever procedimentos hackers, modelos de computadores e o perfil de seus personagens. Às vezes, com nossa falsa moral, nos surpreendemos com a vida sexual dos protagonistas: Lisbeth é bissexual, Blomkvist transa com quase todas as mulheres importantes das tramas e sua editora e co-proprietária da revista Millennium, Erika Berger, é casada com um artista que aceita tranquilamente que ela tenha um caso antigo com Mikael e a acompanha eventualmente em menage a trois.

O livro tem partes específicas. Na primeira, um pouco difícil de vencer, temos que experimentar o consumismo de Lisbeth, milionária desde o volume anterior e esperar os personagens se posicionarem. Enquanto isso Dag Svensson e Mia Bergman, um casal, ele jornalista, ela criminóloga próximo a apresentar a sua tese de doutorado que é estendida no livro do primeiro, apresentam à revista um trabalho sobre a prostituição na Suécia e como alguns policiais são coniventes e consumidores. Mikael e Erika decidem publicar uma edição temática e em seguida o livro de Svensson, mas no momento em que iria entregar o texto final dos últimos capítulos o casal é assassinado e Lisbeth é incriminada.

A liga da trama que une a reclusa Salander ao texto de Svensson, e portanto, novamente à Blomkvist – por quem se apaixonou e rompeu repentinamente – é um personagem misterioso na pesquisa do jornalista: Zala.

Quem ele é? Qual sua ligação com a prostituição? Qual a sua ligação com Salander?

Por causa disto é necessário que você se importe com o destino de Lisbeth Salander para vencer as mais de 600 páginas do livro. Mas é verdade também que passado o terço inicial a trama ganha uma velocidade e a narrativa nos permite evoluir rapidamente para um final com continuação, o quê me frustra um pouco.

Não posso deixar de comentar que a leitura de 1.200 páginas, este volume e o seguinte, para concluir uma trama tão cheia de personagens, mas que essencialmente é concentrada na dupla Blomkvist e Salander, é uma tarefa árdua para a paciência. O maior questionamento é se eu terei uma experiência surpreendente o suficiente para justificar a leitura.

Veremos em breve.
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¹: Para os colaboradores na literatura de consumo atual leia “O autor fast-food” de Marcelo Marthe (VEJA #2.234, 14/09/2011), um rápido perfil do autor James Patterson, que desde 1.976 já escreveu 83 volumes, sendo 10 no ano de 2.010!