A Era da Madeira (de caixão), III: Zumbis e vampiros

Os ciclos estão aí e os fatos inspiradores também. Leio quadrinhos há 31 anos mensalmente e já li os ciclos de quadrinhos de terror, de temática sociais, personagens negros, temática de artes marciais, de temática de justiceiros de vários níveis (os que matam, os que não matam, os advogados justiceiros).

Ao contrário do que se pode imaginar não são todos os títulos do mercado que imitam a temática, mas apenas alguns. Aquilo que funciona é copiado à exaustão. Aquilo que não, torna-se moda passageira.

A temática do momento são os mortos vivos, os desmortos, os zumbis.

Robert Kirkman, autor de The Walking Dead, não reinventou a roda. Apenas pegou um tema (os zumbis) e adicionou o drama dos sobreviventes deste holocausto. Mudou um pouco o cenário. Em vez de narrar uma história dos primeiros momentos, como nos filmes de George Romero, passou a narrar a história depois que a poeira baixou.

Como continuariam vivas as pessoas depois do início de uma praga zumbificante? Quais seriam suas escolhas? Como é o processo de comunicação? O quê o estado está fazendo?

Dizer que A noite mais densa é uma extensão de The Walking Dead uma simplificação. Em A noite mais densa alguns personagens voltam a vida num estado maligno como Lanternas Verdes graças a um anel negro.

Mas nota-se claramente a disputa entre a história que Geoff Johns queria contar e a história contada.

A história que Johns queria contar é um desdobramento da saga dos Lanternas Verdes. Depois de reerguer a Tropa e enfrentar a Guerra dos Anéis (ou, mais corretamente, A guerra da Tropa Sinestro) as Tropas Verde e Sinestro descobrem que existem outras tropas e todas são atacadas pela Tropa dos Lanternas Negros. Na Terra, a bateria negra ressuscita alguns heróis e vilões como Lanternas Negros para enfrentar os personagens da editora.

A história entendida é bem mais simples. São heróis contra lanternas zumbis e toma-lhe páginas de ação e muitos anéis, de muitas cores e muitos coadjuvantes.

Se a DC abraçou discretamente e a seu modo a existência de zumbis, a Marvel foi bem mais direta. Fez um universo alternativo totalmente zumbificado e várias minisséries explorando isto até a última gota de originalidade.

O próximo mito certamente é o dos vampiros. Sucesso no cinema (Crepúsculo) e na TV (True Blood e Vampires Diaries), a saga dos vampiros está tomando outras mídias e até o momento não chegou novamente aos quadrinhos.

A Marvel anteviu e resolveu lançar A morte de Drácula unificando seu universo de heróis com o dos vampiros. Cuidadosa e entendendo uma tendência de mercado, a Marvel dividiu os vampiros em clãs (como no jogo de RPG Vampiro, a máscara).

Mas, com o menor deslize uma história que poderia render algo interessante, transforma-se numa resma de quadrinhos coloridos que iremos facilmente esquecer e dentro de alguns anos enterrar em um caixão... de madeira.
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